sábado, 19 de novembro de 2011

Seu Alberto ou como acordar suas minhocas

Seu Alberto é cortineiro e ícone nipônico de profissionalismo e pontualidade.
Ele deve ser uns trinta anos mais velho que eu, mas francamente, em termos de energia me deixa anos luz para trás.
Acorda todos os dias às 3h45. (Culpa 1: Eu odeio acordar cedo! Levanto às seis e meia depois de desligar o despertador várias vezes e declarar: "Eu protesto!".)
Então, ele chega ao Parque do Ibirapuera às 4h45 e corre durante uma hora e meia. (Culpa 2: fim da desculpa perene: "amanhã eu começo a academia.")
Apesar da diferença de idade, constatei que ele parece ter bem mais músculos que eu! (Culpa 2 exarcebada e dúvida: Eu tenho músculos???)
Para completar, ele disse que volta rapidamente para casa e rega seus 180 vasos de plantas!!! ( Culpa 3: minhas pobres plantinhas que há muito tempos não recebem uma vitamina...)
Ontem voltou para entregar as cortinas. Estava atlético e energético como sempre. Saí de casa antes de ouvir a lista de suas atividades.
Afinal, estou tentando ninar novamente minhas culpas. Mas, está difícil, muito difícil...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Coisas que eu adoraria adorar

Geralmente adoramos as coisas erradas: batata frita. chocolate. banho ultra quente e dormir muito.
No entanto, algumas vezes, ouvimos frases como estas: "Adoro fazer musculação!" "Adoro legumes!" "Adoro acordar cedo!"
Que sorte! Fazer por prazer o que outros só fazem por esforço de vontade. Afinal, diante de algumas atividades chatíssimas e inevitáveis (depilação, dentista, levar o carro para o mecânico, vistoria veicular...) sinto que tenho que me premiar um pouco.
Assim, quando posso escolher entre uma salada ou um macarrão ao pesto, eu raramente fico com a primeira. E como resistir ao abraço carinhoso e envolvente das cobertas quentinhas às 7 da manhã  e levantar para ir fazer ginástica? Enfim, espero um dia amar as coisas certas. Só posso dizer, para me consolar, que tenho alguns gostos bizarros, que também facilitam a vida. Vocês sabiam que eu adoro arrumar armários?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cancan

Tudo começou com uma brincadeira. Tenho uma cadela, uma Golden retriever adorável, de olhar doce e rebolado típico da raça. Eu dizia que era a minha "cã", feminino inventado de cão. E, no final, embora o nome dela seja Myla, eu só a chamo de "cancan". Acho um apelido super simpático, talvez porque eu goste da França ou porque adore dançar.
Outro dia, depois de mil atividades, resolvi me refestelar no sofá decidida a não comunicar com ninguém e recarregar as energias. Fiz cara de mau humor. A única a se aproximar foi a Cancan, é lógico. Parou do meu lado e fez aquela cara de cachorro. Cara de cachorro é tudo de bom. Parece querer dizer mil coisas: "E, ai?. Você não está a fim de correr? Eu estou. Que tal um biscoito canino? Não quer me dar? Tudo bem. Eu só quero mesmo é ficar ao seu lado. Olha, acho que meu pescoço está coçando..."
E, de repente, eu me dei conta de que me preocupo demais, me canso demais, penso demais.
Peguei sua bolinha, atirei. Fomos brincar. É. Cachorro tem o poder de salvar o dia.


                  

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dentro e fora da caverna pelas próprias pernas.
Se não estivermos vigilantes e atentos, podemos esquecer quem manda em casa e sermos atirados (por nós mesmos, bem entendido) ao fundo da caverna.
Hoje, recebi um bilhete da escola do meu filho. Ele não pôde fazer a prova sobre o livro de português, pois “não só não leu como disse que não comprou o livro.” Era verdade. Me senti a última das últimas. A mãe mais relapsa de todo o oeste. Minha mente resolveu me trapacear com todo um drama já bem conhecido:
“Como pude esquecer algo tão importante! Meu filho vai dar o maior trabalho para recuperar o que não leu e fazer o resumo. Meu marido vai ficar furioso e dar punições intergalácticas.”
Então, percebi! Se os problemas se perpetuam é porque estamos sempre repetindo os velhos padrões mentais, aprisionados em uma caixa de fósforos de imagens conhecidas. Por que não mudar a seqüência, construir um final feliz, ao invés de sofrer inutilmente, adiantadamente? Projetei uma realidade diferente, onde tudo pode ser mais leve onde as reações podem ser diferentes.
A tensão diminuiu. Voltei a respirar livremente. Não há nada fora de nós mesmos. É nossa percepção que condiciona nossa vida. E assim sendo, posso escolher ser carinhosa comigo mesma e resolver qualquer assunto, mantendo-me saudável. Mas, fazer isso exige estar consciente o tempo todo.

domingo, 6 de novembro de 2011

 Você tem meias adestradas?
Sou uma criatura de pés terrivelmente gelados. E o pior é que não há o que os faça ficarem quentinhos. É quase uma maldição. É como se, no momento do nascimento uma fada boa tivesse dito:
- “Você vai ser bonita e doce...”
E a fada malvada completado:
_ “E vai ter os pés gelados sempre, sempre, sempre!!!!”
Deu certo. Para lutar contra esse infortúnio, descolei umas meias de lã, largas nos tornozelos, de aparência lamentável, que vivem escondidas no fundo do armário e só que só coloco imediatamente antes de me deitar. Essas feiúras têm o poder único de aquecer os meus pés. Então, depois de algum tempo, debaixo das cobertas, colada no marido (que  resignadamente compactua com o problema) os pés esquentam! Deixo que fiquem assim por algum tempo, para fazer uma reserva de calor para o futuro. E, então, (que satisfação!) tiro as meias com os próprios pés, acordada ou dormindo, e curto a felicidade de poder encostar os pés no meu amor sem que ele se sinta na Sibéria.

Adolescentes, pré-adolescentes, etc.
Você sabe que seu filho entrou na adolescência quando ele começa a falar da sua aparência. Para um adolescente tudo o que você veste é a síntese do mau gosto. E, evidentemente, eles não vão esconder isso.
Não faz muito tempo, eu estava tranqüila deitada no sofá num preguiçoso domingo de manhã quando meu filho de 12 anos veio se aconchegar comigo. Olhou para mim e num tom de quem está decidido a reconfortar alguém disse:
-Sabe, mãe, não é só você que usa roupas ridículas.
-É mesmo?- perguntei, divertida, diante de tanta solicitude.
-É. O papai também usa!
Sem comentários.