segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cena Urbana



Patinhas velozes se precipitaram rua abaixo, fazendo com seu movimento dançarem pelos brancos. O pequeno cão, que corria desembalado, era o retrato da liberdade e da euforia. Passou em seguida um menino, esforçando-se para alcançá-lo.
_Nico!!!! gritava, desperdiçando assim o pouco fôlego que tinha.
Vários segundo depois, vi passar a mãe do garoto. Essa sim, avançava com verdadeira dificuldade, os músculos pouco treinados para esse tipo de exercício.
O animal ganhava distancia, ao mesmo tempo em que o chamado do menino se tornava choro e que a mãe fazia uma pausa rápida para poder respirar.  
O tempo parara diante do pequeno drama. Que coisa insuportável perder de vista seu cachorro precioso!
Foi quando o cão estancou, ao lado de um carrinho que vendia lanches e muito satisfeito pôs-se a abanar o rabo. Os braços do menino enlaçaram-no e com alívio.
A mãe chegou e sem saber como reagir, misturou alegria e raiva. Minutos depois, os três comiam pedaços de salsicha com ar de absoluta felicidade. 
Afastei-me, de coração leve, como quando saio de uma boa sessão de cinema.
Gosto tanto de finais felizes! 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Sempre sobre o tempo


De relance, em um espelho vi uma mulher de vestido colorido e longos cabelos presos em uma trança que descia pelas costas. Sandálas sem alto, mas andar elegante. Sobretudo um ar sereno  de quem tem vida interior. À mesa com umas tantas outras pessoas, mantinha-se tranquila diante de conversas massacrantes: aprendera a preservar sua alma diante de cantos de dor.  
Estar assim levou algum tempo. Conquistas de quem aprendeu a eliminar, a desconstruir condicionamentos há muito estipulados. Hoje, posso ver o reflexo da mulher madura no espelho e sorrir para ela, perceber sua beleza particular e seu caminho singular através da sua própria estrada. E gostar dela, de suas escolhas além de qualquer comparação.