A lista de desejos
O menino pegou a caneta e escreveu:
Quero ficar mais alto
que meu irmão.
Quero comer batata
frita todos os dias.
Quero ter um cachorro
de orelhas caídas.
Colou na porta do armário. Sua mãe era uma praticante entusiasta
do poder do pensamento positivo e ele aprendia com elas algumas “técnicas”. Por
que não tentar também?
Afinal, seus desejos não eram impossíveis. Para se distrair,
resolveu classificá-los mentalmente, por grau de dificuldade. Aí, se
atrapalhou: qual dos três seria o mais complicado?
Depois de pensar bastante, decidiu: quanto mais dependesse
dele, mais fácil seria.
Assim, o campeão da moleza foi a batata frita: ele podia
comprá-la, comer na casa de um amigo e até convencer a avó a fazer. Dependia de
um pouco de esforço, mas nada demais.
Já o cachorro... Teria que insistir muito, juntar algum
dinheiro para ajudar a comprar e se tornar responsável por ele. Mas, cachorro
era um desejo nobre. Quem não gostaria de um peludo para dividir as
brincadeiras? Quem conseguiria resistir ao seu olhar carente?
O ultimo desejo era tão difícil que se tornava fácil.
Dependia mais da natureza do que dele mesmo. Assim, formulou-o com convicção,
confiando que alguma parte do universo o estava ouvindo e que, portanto se
encarregaria de realizá-lo. Ele se tornaria um garoto alto e poderoso. E não
precisaria fazer nada. Estava tudo
certo. Uma vez a classificação feita, saiu correndo para começar a campanha “pró
cachorro”! Feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário