quarta-feira, 2 de abril de 2014

A lista de desejos


O menino pegou a caneta e escreveu:
Quero ficar mais alto que meu irmão.
Quero comer batata frita todos os dias.
Quero ter um cachorro de orelhas caídas.
Colou na porta do armário. Sua mãe era uma praticante entusiasta do poder do pensamento positivo e ele aprendia com elas algumas “técnicas”. Por que não tentar também?
Afinal, seus desejos não eram impossíveis. Para se distrair, resolveu classificá-los mentalmente, por grau de dificuldade. Aí, se atrapalhou: qual dos três seria o mais complicado?
Depois de pensar bastante, decidiu: quanto mais dependesse dele, mais fácil seria.
Assim, o campeão da moleza foi a batata frita: ele podia comprá-la, comer na casa de um amigo e até convencer a avó a fazer. Dependia de um pouco de esforço, mas nada demais.
Já o cachorro... Teria que insistir muito, juntar algum dinheiro para ajudar a comprar e se tornar responsável por ele. Mas, cachorro era um desejo nobre. Quem não gostaria de um peludo para dividir as brincadeiras? Quem conseguiria resistir ao seu olhar carente?
O ultimo desejo era tão difícil que se tornava fácil. Dependia mais da natureza do que dele mesmo. Assim, formulou-o com convicção, confiando que alguma parte do universo o estava ouvindo e que, portanto se encarregaria de realizá-lo. Ele se tornaria um garoto alto e poderoso. E não precisaria fazer nada.  Estava tudo certo. Uma vez a classificação feita, saiu correndo para começar a campanha “pró cachorro”! Feliz.



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